sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mesma Estação

Mesma Estação

O trem ia para meu destino
Sob a luz da primavera
que entrava delicada pelas janelas
Havia alguém do meu lado
e você entrou por aquela porta
Junto de um vento frio
que meu casaco não esquentaria jamais
Minha dúvida é s’eu senti frio
por te ver ou pelo vento (qu’eu devo
ter imaginado para disfarçar toda a
minha vulnerabilidade)

“E s’eu tivesse dado atenção?
E se eu descesse na mesma estação que você?”

Suas roupas estavam soltas e um
pouco desajustadas
Talvez isso indicasse você voltando para casa
Um sorriso retribuído seu,
e eu achei que sentaríamos lado a lado
Conversaríamos como velhos amigos
Riríamos dos velhos erros
Mas o banco esvaziou
e você ficou onde estava: longe
Uma chuva fraca cai agora

“Se eu tivesse chamado seu nome?
E se eu tivesse fixado meu olhar em você?”

Eu chamaria isso, relutantemente,
de destino
Você diria que é acaso
Eu não diferencio as coisas
E o vento continua e seus olhos
se encontram com os meus
Pensei nas decisões que nunca fizemos
Nos momentos que nunca vivemos
As verdades que nunca soubemos

O banco seguiu vazio,
assim como minha esperança de que
você se sentaria comigo...
assim como minha coragem de
dizer algo ali

Você desceu e me acenou com a cabeça
Eu retribuí com um “sim”,
p’ra, talvez, nunca mais te ver

Talvez, s’eu esperasse menos.
“Se eu tivesse me levantado e falado...
estaria vivo aqui ainda?”

Nenhum comentário:

Postar um comentário