Terra Nas Mãos
Chegando tarde
Lábios fechados, mas sujos – dele –
Sapatos na varanda e
bilhetes seus à mostra
Por que tal respiração ofegante?
Você esconde, – vejo nas suas mãos
mas mentir foge do seu
vocabulário
Se o passado está decidido
O futuro escorrega por minhas
mãos
que estão cheias de terra
cavei buracos à procura de você
Rosas eu plantei e cultivei
Mas eu que me matei, matei: morrer-me-ei
pela sua pessoa, pela sua prosa
Você não pode esconder
todos atrás de você
São muitos para seu pequeno
tamanho
que me parece frágil
mas vejo veneno em sua face
Olhos de um semi-deus-forte
Fragilidade à mostra
na sua selada superfície
Deixei-me adentrar
no covil de seu complexo interior
Carrego a
frustração
um dia amada
porém que corrói
“não combino com suas roupas”
você refugia atrás de palavras
solitárias em conjunto
Eu poderia agredi-lo
Poderia fazê-lo sumir
Mataria pela nossa
aclamada paz
Mas não irei
Ame-o
e nunca mais deixe sua
blusa em minhas mãos.
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